sábado, 2 de outubro de 2010

Os melhores do mundo

Eles estão aos montes por aí. Infestando festas, bares, casas de amigos, redes sociais. Os homens que não prestam para nada. Não sabem até hoje, e já têm seus trinta e poucos ou muitos, o que querem da vida. Se arrastam para a janela, para o banho, para o jornal. Não se interessam por nada que não seja a hora que dá um soninho bom de esquecer a vida. Não sabem ganhar dinheiro mas sabem que dinheiro ajuda a ganhar mulheres e então já desistiram também de ganhar mulheres. Até tentam quando bêbados. Até tentam quando a mulher é ruinzinha. Mas das interessantes e fortes, passam longe. Medo, pavor, de que elas descubram que seu pau, na verdade, está enfiado no meio das pernas. Só que neste caso, como um rabo temeroso. O pouco que ganham, torram em cerveja e em algum analista mais barato. O pai já desistiu, os irmãos. A ex namorada não pode ver o cara pintado na frente. Só a mãe liga, de vez em quando, e tenta uns elogios. Afinal, ele tem a alma boa. Seus relacionamentos não passam de duas semanas. Quem é que vai querer ter um filho com um ser que atrasa o pagamento da luz, não trabalha fixo em nenhum lugar há sete anos e ainda guarda um resto daquela graninha da casa do tio avô? Deu o quê? Quinze mil pra cada neto sobrinho? Mas sobrou 200 paus que ele guarda pra emergências, é um homem que pensa no futuro. Sua melhor camisa é furada, seu ultimo livro foi pro vestibular que ele não passou. Não fez faculdade, mas frequentou os bares de algumas. Não sabe o que é ter chefe, mas gerente de banco ele já teve uns dez, até brigar com todos, por pura vergonha mesmo. Pouco importam os filmes, os livros, as músicas. A bituca de maconha deixada pelo último ex amigo que teve a coragem de morar com ele, queima qualquer lembrança ou desejo. Queima até a vontade de morrer. Pra morrer é preciso um pouco de vontade e de dinheiro. Ele até sabe falar “Truffaut” pra impressionar alguma gordinha japonesa que passou em fisioterapia na Unicamp, mas ele próprio não sabe se isso é diretor de cinema ou marca de lençol. Pra que serve um ser humano desses? Não conto. Mas acho que o fetiche da pobre e perdida empregadinha no tanque ganhou, em tempos modernos com seus papéis trocados, o coração das mulheres em suas mesas de jantares de madeira maciça.

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