" Ando de um lado para o outro, minha meia fica suja mesmo a casa estando limpinha. Não sei o que sentir, não sei o que pensar. Vamos! Alguma coisa! Nada e o turbilhão que me dá tanta vida que desisto e fico sem nenhuma. Desabo e choro que é o que resta a fazer. E então, eu escuto o sopro. Ele me explica tudo. E diz que é como os dias de pressão muito alta em que desmaio com a pressão quase a zero. É pra equilibrar o corpo. É pra não explodir. A desistência que se instala tão improvável nada mais é que um respiro pro querer demais não morrer na largada.
E então eu peço uma concessão dentro de mim. Quero resgatar carinhos e larguras de peito. Quero amolecer couros e músculos que dão mil voltas pra disfarçar a frouxidão. Tudo pra te dar a amizade que você me pede. E assim, quem sabe, ter você pelo menos um pouquinho. E exercitar minha melhor e mais entregue missão no mundo que é, vez ou outra, nos intervalos da merda da vida como ela é, fazer você sorrir. E o sopro chega. E me diz. Paixão não dá jeitinho brasileiro. Paixão não dá jeitinho brasileiro. Tem essa de “o que dá pra fazer” não. Só tem o que daria pra fazer que não dá mais. E isso é terrível mas é tão especial. E eu espero que você entenda. E eu espero, do fundo do meu coração, que você jamais entenda.
E então eu peço uma concessão dentro de mim. Quero resgatar carinhos e larguras de peito. Quero amolecer couros e músculos que dão mil voltas pra disfarçar a frouxidão. Tudo pra te dar a amizade que você me pede. E assim, quem sabe, ter você pelo menos um pouquinho. E exercitar minha melhor e mais entregue missão no mundo que é, vez ou outra, nos intervalos da merda da vida como ela é, fazer você sorrir. E o sopro chega. E me diz. Paixão não dá jeitinho brasileiro. Paixão não dá jeitinho brasileiro. Tem essa de “o que dá pra fazer” não. Só tem o que daria pra fazer que não dá mais. E isso é terrível mas é tão especial. E eu espero que você entenda. E eu espero, do fundo do meu coração, que você jamais entenda.
Agora quero saber porque raios é na paixão que fiquei. Porque se fosse amor, se eu amasse você realmente, eu poderia te dar qualquer coisa que já seria amor. Porque amor é cada pedacinho sem ser, por isso, menos amor. Só a paixão exige o mundo todo dessa forma tão indecente. E então o sopro chega e me explica. Paixão é uma doença que se pega. Dá febre, dor no peito, taquicardia, insanidade. Se você tiver a sorte de sentir isso por alguém capaz de lhe dar as mãos pra atravessar a lama, você se cura e pode amar. Se ele for capaz de dormir ao seu lado enquanto você sente tudo doer e a fome que te abandona. Se ele puder sentir junto ou ao menos te deixar ver que é assim mesmo para os dois. O peso dissipa um pouco e vai mais rápido. Mas se você conhecer alguém que tenha, no fundo da alma, um prazer cruel em dizer que sua loucura é problema seu. Sinto muito. É o sopro que me diz. Sinto muito. O sopro me diz que deixar alguém apaixonado é uma crueldade bonita. O sopro me diz que não cuidar do doente é uma crueldade feia. O sopro me diz que ter medo do apaixonado é ter medo, sobretudo, que o apaixonado se cure. E eu digo que chega, já entendi tudo. Chega sopro, agora me deixe quieta aqui, esperando isso tudo sair do meu sangue e já saiu mais do que eu imaginava.
Como um vírus eu te expulso a cada segundo de mim. Não é exatamente com água e repouso, mas com um maravilhoso descanso da sua existência. Daqui a pouco não sobra nada e então poderemos ter uma linda amizade cheia de jantares e concertos e confidências. Pena que você não vai querer. O sopro me diz. Ele sabe, querida, ele sabe que você nunca será mais uma daquelas mulheres sem nome, com quem ele janta ou come, pra sentir de dentro da redoma de vidro um sol artificial. "
Como um vírus eu te expulso a cada segundo de mim. Não é exatamente com água e repouso, mas com um maravilhoso descanso da sua existência. Daqui a pouco não sobra nada e então poderemos ter uma linda amizade cheia de jantares e concertos e confidências. Pena que você não vai querer. O sopro me diz. Ele sabe, querida, ele sabe que você nunca será mais uma daquelas mulheres sem nome, com quem ele janta ou come, pra sentir de dentro da redoma de vidro um sol artificial. "
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