sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Azar o seu

Terminou assim, com um e-mail dele que dizia: azar o seu. Azar o meu o quê? Nunca mais sair com um homem que só me deixava com saudades de sair com um homem de verdade?
Minhas amigas, vou lhes dizer: a carência é nossa inimiga número um. Você já parou para pensar nas besteiras que faz por carência? Liga pra relacionamentos falidos, dá bola pra babacas e o pior: se bobear até acaba abrindo as pernas para um deles.
Tá carente? Pega uma amiga sua que também está e passa uma tarde tentando entender por que os homens são tão idiotas e mesmo assim fazem tanta falta. Você não vai chegar a conclusão nenhuma, mas pelo menos passou a tarde com alguém que, assim como você, tem cérebro. E sentimentos.
Essa é uma dica importante, mas a mais importante é a que vem agora. Preste bastante atenção.
Ele é moreno, tem olhos azuis, usa camisetinhas "mamãe quero ser forte" e fala francês. Oui , mon cherry , e fala o tempo todo, pra mostrar que é fino e cult. Mas só consegue mostrar o quanto um pouco mais de macheza lhe cairia bem.
Fuja, saia correndo, nem cumprimente. E se você for homem e estiver a fim de dar uma catarrada na rua, espere ele passar por perto.
E eu, minhas amigas, que vos escrevo textos com pitadas de uma certa experência de vida. Eu que analiso o comportamento humano com paixão e tenho, depois de algumas desilusões, todos os pés atrás com a raça. Eu que gosto de saber aonde estou pisando e apenas me deixo sobrevoar a espécie quando o macho se mostra apaixonante o suficiente para me dar asas. Eu caí no conto do vigário e agora sinto sobras de invasão neste meu território tão sagrado.
Quem nunca deu para o cara errado que atire a primeira pedra! Mas atira logo porque eu tô com raiva minha.
Sim, este texto é escrito com orgulho ferido. Mas está longe de ser escrito com o coração machucado. Entendam, por favor. Não sinto saudades e tampouco falta. Sinto é raiva de um mala desses ter ousado desaparecer. Quem ele pensa que é? Quem tinha que ter dado o fora era eu! Francamente!
Preste bastante atenção para não cometer o mesmo erro:
Ele usa um chinelinho homossexual, mesmo com as roupas mais finas. Ele fala com entonação retardada frases debilóides do tipo "tá com fominha?", "pára, bobinha". Usa aquele colarzinho "sou um rico descolado que ama a natureza" estilo Luciano Huck , penteia um topete "trabalho em firma" de lado, achando que arrasa com um estilo amante latino a moda antiga e, como todo garoto mimado, perdido e metido a artista, ele acha que é fotógrafo.
Ah, e ele não gosta dos amigos: ele ama os amigos. E ele não comenta que foi com os amigos no futebol ou beber cerveja: ele ama os amigos.
Quem nunca deu para o cara errado que atire a primeira pedra! Mas atire nele pra ver se ele grita fino.
Estou triste porque por alguns milésimos de segundos, que foram tão rápidos quanto o seu desempenho sexual e tão enganadores quanto o seu fôlego sexual, eu quase achei que ele fosse bacana. Por que é tão difícil achar alguém realmente bacana? E melhor: por que enquanto a gente não acha alguém bacana, a gente não simplesmente aceita a vida morna e pára de ficar se enganando que qualquer babaca é bacana? E mais: por que pagar pra ver, e descobrir que não tinha nada que valesse a pena ver, incomoda tanto?
Eu com essas perguntas tô quase virando a mulher do Sex and The City .
Deixemos clara a putaria minha gente! Pra que gastar dinheiro em jantares românticos, pra que assistir a filmes que vão além da inteligência sufocada num bracinho forte com a tatuagem à mostra? Pra que mostrar fotos da família? Sim, ele é bonito, ele, de boca calada, tem bastante chance de comer uma ou outra mulher mais espertinha que esteja, no momento, sem nada melhor pra fazer e querendo dar uma relaxada.
É simples. Mulher também faz sexo por sexo, não queremos casar e morar numa casa com cerquinha branca o tempo todo. Sejam sinceras. Agora não venha subestimar nossa inteligência com romance barato até levar-nos para a cama. Não nos leve para a cama com promessas e não ligue no dia seguinte. Isso é herança da época em que ficávamos em casa ganhando peso e imaginando nossos maridos com amantes peitudas e não do tempo atual em que somos as amantes peitudas.
Tá dado o recado, tá vomitada a revolta, tá levantada a pergunta: por que homens como esses ainda são chamados de "típicos" machos se não passam de "típicas" fêmeas?

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