segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Uma campanha que desce redonda

Sabe esse comercial em que os caras tomam choque na geladeira por causa de algumas cervejas? Achei bom pra cacete.
Nenhuma bunda, nenhum apelo machista, nenhuma mulher em posição de gostosa submissa ou gostosa disponível. Muito pelo contrario: elas tiram até sarro dos caras. Eles são uns babacas! Mas tiram sarro daquele jeito que os próprios caras gostam. Uhu! Somos uns babacas mesmo! Uhu! E andamos em bando e tomamos uma cervejinha falando besteira! Uhu! E esquecemos de qualquer dor quando estamos juntos e fazemos o que gostamos!
É a prova viva (e a cores) de que dá pra fazer propaganda boa sem recorrer à fórmula “se eu beber a cerveja certa, lá naquele boteco firmeza, com aquela trilha chega mais, naquele dia batuta, pego uma mulher gostosa. Até porque bêbado qualquer uma fica gostosa”.
Grupinhos de amigos de infância que se amam, se bastam, retroalimentam seus egos e que, vez ou outra, lembram de dividir seu tempo com mulheres é muito mais a realidade da galera que se junta pra tomar uma cervejinha do que aquelas mesas povoadas de mulheres gatas uma pra cada homem. E quem disse que homem quer tanta mulher assim pra tomar umas com os amigos? Me desculpem, mas homem gosta é de homem! Quem gosta de mulher é multinacional de cosméticos.
Não sou do tipinho feminista não. Muito pelo contrario. Eu mesma já abusei do “sex sells” algumas vezes para promover meus textos. Portanto não escrevo esse texto em defesa das mulheres, dos consumidores inteligentes ou qualquer coisa do gênero. Até porque não tenho nada contra a exposição de mulheres gostosas (vejam bem: eu escrevo para a VIP!) nem com as próprias mulheres gostosas (adoraria que todas passassem a um raio de mil quilômetros quando estou com um cara, mas isso é detalhe).
Também não escrevo esse texto como publicitária não. No momento, como quem lê essa coluna sabe, to apostando mais em livros e roteiros de dramaturgia e muito menos em propaganda. Acabei me enchendo de tudo e de todos desse mercado. Nada pessoal, eu que sou mala mesmo.
E pra complicar, também não escrevo como consumidora de cerveja. Não gosto de nenhuma marca e acho péssimo mulher com aqueles soluços “implosivos” e fermentados. Eu só bebo vinho. E de preferência sozinha, que é pra ninguém me encher com o fato de eu ficar muito filosófica e um pouco tarada (não necessariamente nessa ordem) com meia taça.
Então por que raios escreves esse texto, ó colunista prolixa? Sei lá. Pode ser porque o comercial me deixou feliz? Que comercial bom! Aliás, que campanha boa! Depois uma loira gostosa (e eu pensando que estava tudo indo por água abaixo) virou um gordo peludo e ainda tomou um peteleco porque tentou tomar a cerveja do cara: mulher de amigo meu que toma a minha cerveja pra mim é homem!.
Eles acertaram de novo! Homem não toma cerveja pra pegar mulher, toma justamente pra não lembrar que a natureza pede a ele, carinhosamente, por obséquio que, um dia, caso ele não esteja fazendo nada melhor, talvez com todos os amigos casados, que ele, se não for se incomodar muito, lembre de dar continuidade a espécie e, de repente, mas olha, sem pressa, tá? Resolva ficar com uma mulher.
O típico e caricato universo masculino é realmente algo um tanto quanto idiota. Um universo difícil de entender, aceitar e, principalmente: um lugar onde a felicidade de uma típica e caricata mulher (no caso, eu) é quase impossível.
Já uma campanha inteligente que tira sarro disso de maneira leve e realista e que, de brinde, ainda não coloca nenhuma bunda sacolejando numa praia insuportavelmente lotada de gente igualmente bunda sacolejante , me faz achar que as coisas, afinal, não são tão ruins quanto parecem. Não é exatamente beber o melhor remédio, e sim, mais uma vez, rir!

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